
A noite pulsava ao som grave da batida eletrônica. Luzes vermelhas e violetas cortavam a penumbra da Fun Haus, a boate onde os desejos mais escuros se erguiam com naturalidade, como se o pecado fosse apenas outra dança de salão.
Doce May caminhava ao meu lado com um vestido preto brilhante, colado ao corpo como tinta líquida. Sem lingerie. Apenas um cinto de couro BDSM adornando sua cintura e coxas, como se a própria noite a tivesse marcado. Seu olhar estava calmo, mas seus passos denunciavam uma tensão doce, como se algo dentro dela estivesse prestes a ser revelado — ou libertado.
Tudo já estava combinado. Eu, o corno cúmplice, havia sussurrado ao dono da casa meu desejo antigo, cúmplice de um sonho dela que ela nunca ousou contar, mas que eu conhecia nos gestos, nos olhares demorados para os dançarinos, nas fantasias sussurradas entre orgasmos.
Quando o dançarino se aproximou dela — moreno, forte, de sorriso cínico — seus olhos se arregalaram por um segundo. Não houve tempo para perguntas. Ele segurou sua mão e a conduziu até o palco, como quem puxa um segredo para a superfície.
No centro do palco, uma cadeira a esperava. May foi sentada com firmeza, o vestido subindo um pouco, os brilhos captando a luz como estrelas perversas. Ela não resistiu. Seus olhos procuraram os meus — não em busca de salvação, mas de confirmação.
Então ele ajoelhou-se diante dela e ergueu o vestido. Primeiro, revelou o cinto, as tiras de couro marcando sua carne branca. Depois, revelou seu sexo nu, brilhante, molhado, entregue. A plateia gemeu em uníssono. O som abafado de vozes excitadas enchia o ambiente como fumaça.
O dançarino a levantou nos braços como um troféu profano e a deitou no chão do palco, sem cerimônia. Suas mãos começaram a mover as coxas dela com firmeza, abrindo-as. A sunga dele mal escondia a brutalidade ereta sob o pano fino. Ele encaixava o quadril no dela, forçando estocadas secas, ritmadas, num balé de tensão e provocação.
May gemia baixo, os braços erguidos, como se estivesse em transe. Não havia vergonha, só entrega. Um espetáculo de submissão e luxúria viva diante dos olhos de todos.
E eu ali, na beira do palco, meu coração esmagado e excitado. Meu papel era esse — ver, sofrer, gozar com ela, por ela.
Depois do show, descemos juntos. Fomos para uma das cabines privadas, e o suor da boate nos seguiu como perfume. Ali, nos atracamos com fúria, um misto de ciúme e desejo me fazendo ser bruto, desesperado, carente do cheiro dela.
Mas não foi o fim.
Enquanto me recuperava no colchão da cabine, May saiu. A nudez ainda cintilando entre as tiras de couro, os passos decididos. Ela caçou com os olhos até encontrar um solteiro, tímido, que antes estava encostado ao nosso lado no mezanino admirando a loucura da boate .
Sem dizer nada, ela o pegou pela mão.
Levou-o até nossa cabine.
Ele não ousou falar. Apenas a seguiu, cativo do mesmo feitiço que me mantinha acorrentado.
Na penumbra, ela ficou de quatro na cabine, gemendo mais alto, mais fundo, enquanto seus dedos percorriam meu peito, como se ainda me dissesse: você é meu… mesmo que eu esteja dentro de outro agora.
E ali, na mistura de suor, couro e gemidos, a doce May se tornou o espetáculo que nunca mais me deixaria dormir em paz.