Sim, você leu swing e tenho certeza que sua cabeça se distraiu por longos segundos imaginando a cena
Por Luísa Miranda
Psicóloga/Sexóloga
Está tudo bem, juro. Até porque é sobre essa imaginação que quero falar hoje. Afinal, não deixaria um tema polêmico desse de fora nem a pau..se é que me entendem
Sempre quis ir a uma casa de swing e trabalhando com sexualidade o que não me falta é desculpa. Então, lá fui eu com a cara e a coragem. E, gente, o fato de ser sexóloga não significa que eu seja a rainha do sexo, ok? Então repito, lá fui eu com mais coragem que cara (porque rola um medinho inicial). Como o desejo já existia, eu só precisava de um empurrãozinho, e ele foi dado por uma paciente na manhã daquele mesmo dia.
Não pensei duas vezes em quem seria minha companhia, uma amiga também sexóloga. Chegamos, e agora, faz o quê? As regras são claras: nada de celular ou bolsa e/ou qualquer coisa que comprometa alguém. Logo percebi como a casa coloca respeito e privacidade acima de tudo. Cheguei na primeira pessoa que supostamente trabalhava lá e perguntei: “oi, tudo bem? Somos novas aqui e não faço ideia de como funciona.” O segurança, com muita classe, nos guiou até onde a mágica acontece. Aí meu coração.
O cheiro no ar não era de sexo e putaria, como muitos imaginam, mas de um lugar frequentado por pessoas que queriam transar. O cheiro era de balada, se é que existe um cheiro pra isso. Um ar condicionado garantia temperatura agradável, afinal, já bastava o calor do momento. Ao contrário do que a gente pode imaginar, de cara, não tinha muita interação. A casa que visitei – e imagino que seja assim em outras – estabelece regras muito claras quanto ao desejo de cada um ali. Na hora de entrar, você tem de dizer a que veio. Cada intenção é identificada por uma pulseira.Isso reforça o clima de respeito. E vou te falar: o respeito era de dar inveja em qualquer balada e a excitação, por sua vez, era de dar inveja em muitos viciados em pornografia.
O Sexo acontecia claro. Confesso que a naturalidade de quem transava ou assistia foi incrível. E quando digo incrível é no sentido de percepção e tranquilidade. Achei o máximo, principalmente diante um contexto tão hipócrita e machista como o nosso.
Tinha mulher incentivando o parceiro a curtir junto com outra mulher, homem assistindo a mulher se despindo no palco com outro cara. Tinha plateia olhando tudo numa boa. A possibilidade de ter um solteiro safado no canto, vendo tudo e, digamos, se amando sozinho é proibida. Falei super sério quando usei a palavra respeito. Depois de tudo, caso as pessoas quisessem, de fato, transar; ou assistir ou fazer qualquer outra coisa, sei lá, era só seguir para os quartos disponíveis. Diga-se de passagem que eram super limpos e equipados com álcool em gel e papel.
Tem opção pra quem quer total privacidade e para quem curte ser observado. Agrada quem gosta de ser visto e quem gosta de ver. Ou seja, há espaço para vários tipos de excitação.
Circulando pela casa de swing, vi gente vestida de tudo quanto é jeito. Eu mesma fui com vestido comprido – os assíduos que me perdoem, mas como é que escolhe roupa para esse tipo de evento? Uma das coisas mais interessantes era que a pessoa podia ser magra, gordinha, bombada, magrela. Não tinha assédio. Nenhum que tenhamos presenciado.
A conclusão a que cheguei é que uma experiência dessa precisa ser vivida por muitas pessoas, principalmente com o objetivo de desconstruir o significado do sexo, do desejo, dos corpos nus e dos comportamentos relacionados aos nossos sentimentos de posse e insegurança. A nossa sexualidade precisa ser vivida de forma saudável e, para isso, às vezes é necessário quebrarmos algumas barreiras para (re)construirmos outras, nem sempre melhores, mas mais evoluídas.
Para você aí que está lendo isso, mas jamais viveria essa experiência, tudo bem também. Cada um sabe, ou deveria saber, onde o calo aperta. O que é importante mesmo é entendermos que tudo o que vivemos é só um pedacinho daquilo que somos e escolhemos ser. O respeito, a compreensão, o acolhimento, esses sim, devem ser explorados em todas as relações, independentemente do tipo de aventura que você está disposto a viver. No mais, use sempre camisinha e divirta-se.