Nessa onda de preconceitos, discriminações e diversidades que nossa sociedade anda mergulhada ultimamente, lembrei que muita gente no swing costuma dizer que quem faz swing está um nível acima dos outros e achei interessante trazer o assunto à tona para ser discutido. E aí, quem faz swing é melhor do que quem não faz?

Antes de continuarmos na questão, acho legal esclarecer que o “melhor” a que me refiro não diz respeito aos benefícios que o swing traz para um casamento. É de conhecimento inegável que o swing melhora a relação quando um casal está preparado para seguir adiante. É esse “seguir adiante” que entra na questão do post. Seguir pra onde? Seguir da onde?

Quando um casal swinger diz que é melhor do que os outros porque faz swing, ele quer dizer que se sente em outro patamar, em outro nível, se sente superior. E quando alguém começa a se sentir superior aos outros, o preconceito e a discriminação podem encontrar uma portinha onde meter as caras. É isso que me preocupa.

Porque vamos combinar que existem pessoas que são superiores mesmo, não dá pra negar. Nelson Mandela, na boa, tinha um nível de altruísmo muito superior; o Neymar está num nível futebolístico muito superior e a Beyoncée num nível vocal muito superior. Nem eu nem ninguém consegue dizer o contrário porque estamos nos referindo a coisas específicas: altruísmo, futebol e voz. Seguindo essa linha, quando a gente vai pro campo amoroso também podemos dizer que quem “empresta” o parceiro está num nível superior de relacionamento.

Flavio Gikovate no livro Uma História do Amor… Com Final Feliz escreve: a célula inicial da nossa existência deriva da fusão de um óvulo e um espermatozóide, ambos incompletos; essas “metades” unem-se para formar o ovo e gerar uma nova vida. É como se na vida adulta refizéssemos esse mesmo caminho: sentimo-nos incompletos sem que o sejamos, fundimo-nos a outro humano por meio de uma aliança que aprendemos a chamar de amor. A recíproca exigência ganha uma velocidade tal que nos leva a direção oposta, de modo que conseguimos completar o processo de individuação. O companheiro dessa viagem da qual resultam, finalmente, dois indivíduos inteiros é o objeto do nosso +amor.

O renomado psiquiatra defende que uma relação começa com a noção do amor tradicional (um pertence ao outro) e precisa passar por um processo de individualização (descobrir cada um a si mesmo) para atingir um patamar real de felicidade – que ele chama de +amor (uma relação de liberdade e respeito entre duas pessoas completas). É exatamente esse processo que o swing, quando seguido de forma séria, proporciona aos casais.

Acho importante ainda frisar que casais swingers que verdadeiramente estão num nível superior de relacionamento não saem por aí dizendo que são superiores. Não se acham melhores do que ninguém por causa disso nem olham os outros com desprezo. Eles estão num nível tal de entendimento de vida conjugal que não precisam disso para se sentirem bons tampouco sentem prazer em inferiorizar os outros por causa disso. Em outras palavras, a gente não vê o Neymar dizendo que é o bonzão nem a Beyoncée cantando eu sou fodona. Quem encontrou um nível superior de relacionamento no swing sabe disso – e isso basta para que sejam felizes.

Fonte: http://www.marinaemarcio.com.br